Os Caminhos de Elísio

Do Elísio Moura que conhecíamos, nos anos 70, um designer de luminárias em ferro e vidro muito originais e bem executadas, nós quase o trouxemos para expor em São Paulo, o que infelizmente não se concretizou. Agora, nos chega a boa notícia de um Elísio que prepara uma exposição no Recife, desta vez se aventurando no novo percurso da pintura. E o que dizer dessa incursão de Elísio Moura no campo das artes plásticas propriamente ditas, que nos chega via correio eletrônico? Gostaria de ter visto suas obras pessoalmente, mas temos que saudar sua nova caminhada. E como explicar os dois caminhos que correm paralelos na concepção plástica do artista? Ele navega entre a figuração e abstração em ambas as linguagens, e nos dois casos procura as vias que formam um grafismo nervoso, gestual, dominado por cores fortes, primárias, marcado por linhas que se repetem como emaranhados de uma natureza agreste. Vê-se, ainda, uma veladura sobre as luminosas cores, o que faz lembrar as assombrações do Recife de Lula Cardoso Ayres. A figuração está na representação quase científica de registrar a vegetação tropical, nessas palmeiras enquadradas por uma geometria de linhas, marcadas como se quisessem procurar um ângulo novo de observação. Enfim, Elísio Moura procura o seu espaço, o seu ponto de vista, o qual por certo encontrará no árduo ofício da pintura, afinal não lhe faltam belos exemplos e referências plásticas em sua terra, alguns responsáveis por uma verdadeira renovação das artes brasileiras. Emanoel Araújo